FATOS POLICIAIS

domingo, 1 de setembro de 2019

JOAQUIM JOSÉ CORREIA



JOAQUIM JOSÉ CORREIA (16/09/1848 – 25/09/1928), natural de Martins-RN, filho de Lourenço José e Joaquina Amélia de Amorim, casado com Isabela Gratulina de 0liveira Correia, filha de Roberto Fialho e de Inácia Joaquina. Joaquim Correia exerceu o mandato de deputado estadual em 10 períodos legislativos, de 1892 a 1920, assinando 3 constituições estaduais, a de 11/04/1892, a de 25/03/1907 e a de 25/03/1915

Joaquim José Correia, nasceu em Serra de Martins, a 16 de setembro de 1848, filho do comerciante português Lourenço José Correia. Inicialmente residiu em Porto Alegre, onde desempenhou o papel de Tabelião. A seguir, transferiu-se para cidade de Pau dos Ferros. E foi aí que passou a exercer política partidária, chefiando, no Oeste Potiguar, o “Partido Conservador”. Em 1898, estava eleito deputado. Com a República foi deputado Estadual em vários mandatos. Foram as seguintes Legislaturas em que atuou: 1900-1901, 1904-1906, 1907-1909, 1910-1912, 1913-1915, 1907 e 1915.
                    Em 1918, quando Tavares de Lyra rompeu com Ferreira Chaves, preferiu ficar ao lado de Tavares de Lyra. A posição política resultou no ostracismo político de Joaquim Correia. Militando na oposição, passou a combater os governos aliados ao líder político Joaquim Ferreira Chaves Filho. O grande instrumento para o combate da oposição era o Jornal “A OPINIÃO”, que circulou em Natal de 1919 a 1921. O período era o órgão de imprensa do “Partido Republicano”. E Correia tinha participação ativa nos bastidores de “A Opinião”.
                    A divergência política com Ferreira Chaves, primeiro governador do Rio Grande do Norte da era republicana eleito pelo povo, não trouxe apenas o ostracismo político de Joaquim Correia. O seu filho Orlando também seria penalizado. Orlando de Oliveira Correia, advogado, havia sido nomeado Fiscal Federal do Atheneu Norte-rio-grandense. Não satisfeito com a nomeação, o governador Ferreira Chaves mesmo prejudicando o Atheneu, expediu telegrama ao Ministro do Interior e ao Presidente do Conselho Superior de Ensino, comunicando que o governo do Estado do Rio Grande do Norte naquele ano de 1919, desistia da equiparação do Atheneu ao Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro. A reação de Ferreira Chaves tentava atingir, diretamente, o oposicionista Joaquim Correia.
                    No campo do Direito, Joaquim Correia chegou a ser “rábula”, ou seja, advogado provisionado. Advogado Provisionado num Estado como o RN, em que duas das maiores de suas personalidades foram rábulas. Trata-se das figuras de Amaro Cavalcanti, que foi ministro do STF, e João Café Filho, que exerceu a Presidência da República. Amaro foi advogado Provisionado em BATURITÈ (Ceará), no século XIX e Café Filho foi também “rábula” em Natal, defendendo, sobretudo, a classe operária.

                    Bom advogado, alcançou notoriedade no Oeste. É o que noticia o seu “Necrológio”, publicado na Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte: “Exerceu sempre a profissão de advogado obtendo provisões no Superior Tribunal de Justiça do Estado e sendo, como tal, muito conhecido em todo sertão ocidental do Estado”.
                    Sempre buscando o bem-estar da população do Município de Pau dos Ferros, onde exercia inconteste liderança política, em certa ocasião, solicitou ao Governador que mandasse um Juiz de Direito para a Comarca, carente de um Magistrado. Pedro Velho, então o Governador, respondeu: “No momento temos dois bacharéis que querem ir. Mas, não sabem de nada...”. A resposta de Joaquim Correia foi imediata: “Mande um deles que eu o ensinarei. A comarca é que não pode continuar vaga” (CF.: Gil Soares, “Fastígio e Ocaso de Ferreira Chaves”, Mossoró: 2°ed., 1999, p.04).
                    Correia teve participação decisiva na célebre “Questão de Grossos”, batalha jurídica envolvendo os Estados do Rio Grande do Norte e Ceará a respeito dos limites territoriais. A disputa foi decidida no Supremo Tribunal Federal. Da batalha jurídica, saiu vencedor o Rio Grande do Norte, em decisão prolatada pelo Ministro Pedro Lessa. Para que se tenha uma idéia da complexidade do assunto, os autos do Processo versando sobre a “Questão de Grossos”, tinham 4.627 páginas. Joaquim Correia trabalhou na pesquisa histórica. Também da colheita dos dados históricos que serviu de prova no controvertido processo, estavam nomes ilustres do RN. Nomes como Vicente Simões Pereira de Lemos, Tavares de Lyra, Antônio José de Melo e Souza, José Ferreira Souto, Pedro Soares de Araújo e Francisco de Sales Meira e Sá.
                    Pelos relevantes serviços prestados na “Questão de Grossos”, foi escolhido integrante do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte. Justa homenagem a quem havia sido parlamentar estadual em várias legislaturas, sendo também Secretário e Vice Presidente do Congresso Legislativo do Rio Grande do Norte.
                    Câmara Cascudo descreve Joaquim Correia em Cores Vivas: “Baixo, gordo, vermelho, a clavo (sic) socrática, reluzente, agitado, sempre bem vestido de irrepreensível branco, o chapéu do Chile que era uma fidelidade à moda instituída por Pedro Velho, o coronel Correia era uma Inteligência aguda e clara, conhecedor como raros da história política do Estado, de seus recursos econômicos, da psicologia do povo no seio do qual viveu. Estudou sozinho e era provisionado pelo Tribunal de Justiça, um dos primeiros e mais procurados advogados do oeste norte rio grandense.
                    Joaquim José Correia, faleceu em Natal, em 25 de setembro de 1928.

“Uma história da Assembléia Legislativa do Rio Grande do Norte”
-Fundação José Augusto, 1972-.

Escrito por Frank Tavares Correia em Junho de 2001.

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LEVANDO O RIO GRANDE DO NORTE ATÉ VOCÊ E PARA O MUNDO - STPM JOTA MARIA - MOSSORÓ-RN, 4 DE FEVEREIRO DE 2014