Joaquim José Correia, nasceu em Serra de Martins, a 16 de
setembro de 1848, filho do comerciante português Lourenço José Correia.
Inicialmente residiu em Porto Alegre, onde desempenhou o papel de Tabelião. A
seguir, transferiu-se para cidade de Pau dos Ferros. E foi aí que passou a
exercer política partidária, chefiando, no Oeste Potiguar, o “Partido
Conservador”. Em 1898, estava eleito deputado. Com a República foi deputado
Estadual em vários mandatos. Foram as seguintes Legislaturas em que atuou:
1900-1901, 1904-1906, 1907-1909, 1910-1912, 1913-1915, 1907 e 1915.
Em 1918, quando Tavares de Lyra rompeu com Ferreira Chaves,
preferiu ficar ao lado de Tavares de Lyra. A posição política resultou no
ostracismo político de Joaquim Correia. Militando na oposição, passou a
combater os governos aliados ao líder político Joaquim Ferreira Chaves Filho. O
grande instrumento para o combate da oposição era o Jornal “A OPINIÃO”, que
circulou em Natal de 1919 a 1921. O período era o órgão de imprensa do “Partido
Republicano”. E Correia tinha participação ativa nos bastidores de “A Opinião”.
A divergência
política com Ferreira Chaves, primeiro governador do Rio Grande do Norte da era
republicana eleito pelo povo, não trouxe apenas o ostracismo político de
Joaquim Correia. O seu filho Orlando também seria penalizado. Orlando de
Oliveira Correia, advogado, havia sido nomeado Fiscal Federal do Atheneu
Norte-rio-grandense. Não satisfeito com a nomeação, o governador Ferreira
Chaves mesmo prejudicando o Atheneu, expediu telegrama ao Ministro do Interior
e ao Presidente do Conselho Superior de Ensino, comunicando que o governo do
Estado do Rio Grande do Norte naquele ano de 1919, desistia da equiparação do
Atheneu ao Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro. A reação de Ferreira Chaves
tentava atingir, diretamente, o oposicionista Joaquim Correia.
No
campo do Direito, Joaquim Correia chegou a ser “rábula”, ou seja, advogado
provisionado. Advogado Provisionado num Estado como o RN, em que duas das
maiores de suas personalidades foram rábulas. Trata-se das figuras de Amaro
Cavalcanti, que foi ministro do STF, e João Café Filho, que exerceu a
Presidência da República. Amaro foi advogado Provisionado em BATURITÈ (Ceará),
no século XIX e Café Filho foi também “rábula” em Natal, defendendo, sobretudo,
a classe operária.
Bom
advogado, alcançou notoriedade no Oeste. É o que noticia o seu “Necrológio”,
publicado na Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do
Norte: “Exerceu sempre a profissão de advogado obtendo provisões no Superior
Tribunal de Justiça do Estado e sendo, como tal, muito conhecido em todo sertão
ocidental do Estado”.
Sempre
buscando o bem-estar da população do Município de Pau dos Ferros, onde exercia
inconteste liderança política, em certa ocasião, solicitou ao Governador que
mandasse um Juiz de Direito para a Comarca, carente de um Magistrado. Pedro
Velho, então o Governador, respondeu: “No momento temos dois bacharéis que
querem ir. Mas, não sabem de nada...”. A resposta de Joaquim Correia foi
imediata: “Mande um deles que eu o ensinarei. A comarca é que não pode
continuar vaga” (CF.: Gil Soares, “Fastígio e Ocaso de Ferreira Chaves”,
Mossoró: 2°ed., 1999, p.04).
Correia
teve participação decisiva na célebre “Questão de Grossos”, batalha jurídica
envolvendo os Estados do Rio Grande do Norte e Ceará a respeito dos limites
territoriais. A disputa foi decidida no Supremo Tribunal Federal. Da batalha
jurídica, saiu vencedor o Rio Grande do Norte, em decisão prolatada pelo
Ministro Pedro Lessa. Para que se tenha uma idéia da complexidade do assunto,
os autos do Processo versando sobre a “Questão de Grossos”, tinham 4.627
páginas. Joaquim Correia trabalhou na pesquisa histórica. Também da colheita
dos dados históricos que serviu de prova no controvertido processo, estavam
nomes ilustres do RN. Nomes como Vicente Simões Pereira de Lemos, Tavares de
Lyra, Antônio José de Melo e Souza, José Ferreira Souto, Pedro Soares de Araújo
e Francisco de Sales Meira e Sá.
Pelos
relevantes serviços prestados na “Questão de Grossos”, foi escolhido integrante
do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte. Justa homenagem a
quem havia sido parlamentar estadual em várias legislaturas, sendo também
Secretário e Vice Presidente do Congresso Legislativo do Rio Grande do Norte.
Câmara
Cascudo descreve Joaquim Correia em Cores Vivas: “Baixo, gordo, vermelho, a
clavo (sic) socrática, reluzente, agitado, sempre bem vestido de irrepreensível
branco, o chapéu do Chile que era uma fidelidade à moda instituída por Pedro
Velho, o coronel Correia era uma Inteligência aguda e clara, conhecedor como
raros da história política do Estado, de seus recursos econômicos, da
psicologia do povo no seio do qual viveu. Estudou sozinho e era provisionado
pelo Tribunal de Justiça, um dos primeiros e mais procurados advogados do oeste
norte rio grandense.
Joaquim
José Correia, faleceu em Natal, em 25 de setembro de 1928.
“Uma história da Assembléia Legislativa do Rio Grande do
Norte”
-Fundação José Augusto, 1972-.
Escrito por Frank Tavares Correia em Junho de
2001.